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O presidente da comissão pontuou que a ênfase dada ao combate ao coronavírus tem prejudicado o atendimento a pacientes com outras doenças - Foto: Clarissa Barçante
Eduardo Silva reivindicou a habilitação de mais leitos para atendimento a pacientes da Covid-19
Eduardo Silva reivindicou a habilitação de mais leitos para atendimento a pacientes da Covid-19 - Foto: Clarissa Barçante
Avanço da Covid-19 no interior exige habilitação de novos leitos hospitalares

Pandemia da Covid-19 se espalha por pequenos municípios

Para Cosems-MG, isolamento imposto pela doença tem sido nefasto para o Estado e especialmente para cidades menores.

O último boletim do Governo do Estado sobre os números da Covid-19 revela que Minas Gerais tem hoje 21.728 casos, com 11.553 deles recuperados e 481 óbitos. A pandemia já atingiu 573 municípios mineiros, cerca de 67% dos 853, e a maior parte deles tem menos de 50 mil habitantes.

As informações foram repassadas por Eduardo Luís da Silva, presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems). Ele participou de audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta segunda-feira (15/6/20), que debateu os desafios dos municípios no enfrentamento ao coronavírus.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

“Vivenciamos a interiorização da Covid-19, que já chegou a municípios com menos de 10 mil habitantes”, constatou. Ele completou que o isolamento social imposto pela doença tem sido nefasto para a economia do Estado e, especialmente, das pequenas cidades.

“Elas dependem muito do comércio local e do Fundo de Participação dos Municípios, que sofreram grande abalo”, apontou Silva, também secretário de Saúde de Taiobeiras (Norte). Ele defende que os municípios discutam em nível regional a implantação do Minas Consciente, de forma a voltarem gradualmente com suas atividades econômicas.

Por fim, o presidente do Cosems entregou ao presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Pimenta (PDT), uma solicitação à ALMG. Ele propõe que o Legislativo intermedeie junto ao governo federal a habilitação de mais de 700 leitos para atendimento a pacientes da Covid-19.

Ele reforçou que o governo mineiro já enviou a solicitação de mais de 1.100 credenciamentos, mas o Ministério da Saúde habilitou apenas 328. Isso num cenário de falta de leitos em várias macrorregiões do Estado, como os Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Rio Doce, Norte e Noroeste.

Cresce demanda por atendimento a outras doenças

O deputado Carlos Pimenta e algumas secretárias de Saúde presentes detectaram que a ênfase dada ao combate ao coronavírus tem prejudicado o atendimento a pacientes com outras doenças.

O parlamentar citou que a Santa Casa de Montes Claros (Norte) tem quase 200 leitos ociosos, reservados a pacientes com Covid-19, enquanto pessoas com outras patologias estão sem atendimento. Essa situação levou o estabelecimento a amargar uma dívida de mais de R$ 15 milhões.

Silvia Pereira da Silva, secretária de Saúde de Pouso Alegre (Sul), reclamou que na macrorregião Sul também há uma grande demanda reprimida em outras patologias: “Muitas pessoas estão sofrendo com outras doenças”, criticou. O Sul de Minas, que abrange 154 municípios, já conta com 1.723 casos confirmados.

Um caso que preocupa é o de Extrema (Sul), com taxa de incidência de Covid-19 de 6.183 casos por milhão de habitantes, cinco vezes o de Pouso Alegre (1.240 casos por milhão). De acordo com Sílvia, a Prefeitura decretou o fechamento da cidade, que tem 20 leitos de UTI, todos ocupados.

Também Maflávia Luiz Ferreira, secretária de Saúde de Teófilo Otoni (Jequitinhonha/Mucuri), lembrou que a microrregião encabeçada pela cidade é uma das com menor número de leitos. “Tínhamos 10 leitos de UTI Covid. Passamos para 20, e aí outras patologias ficaram desassistidas. Precisamos de mais leitos, Covid e não Covid”, reivindicou.  

Ela informou que a taxa de ocupação de leitos UTI é de 89% em Teófilo Otoni, que atende a uma população regional de cerca de 1 milhão de habitantes de 58 municípios.

Testagem - Já Odelmo Leão Carneiro, prefeito de Uberlândia (Triângulo), informou que o município tem 3.770 casos, com 54 mortes. Apesar de os casos estarem avançando rapidamente, o gestor lembra que a taxa de letalidade da doença no município é de 1,51%, bem abaixo da média nacional, de 5%.

O avanço veloz no número de casos se explica, na opinião de Odelmo Leão, pela testagem maior promovida pela prefeitura: “Uberlândia testa quase 17 vezes mais que o Estado; são 2.203 testes contra 135 para cada 100 mil pessoas".

Taciana Lima Carvalho, subsecretária de Saúde de Belo Horizonte, informou que a Capital tem hoje 67 óbitos em 3.427 casos confirmados. E que a taxa de ocupação de leitos é de 82% para UTI e 62% para leitos clínicos, o que preocupa a prefeitura. Até julho, segundo Taciana, deverão ser abertos mais 1.200 leitos.

Números - Para o deputado Doutor Paulo (Patri), o mais proveitoso da reunião foi verificar o quanto é importante a confiabilidade dos números da pandemia. “Quanto mais fidedignos forem os dados, mais condições terá a Secretaria de Estado de Saúde de tomar as medidas adequadas”, avaliou. Ele defendeu ainda um estudo para estabelecer um cronograma de volta às aulas, de preferência, segmentado por macrorregião.

O deputado Doutor Jean Freire (PT) pediu a Carlos Pimenta que aprovasse um requerimento da ALMG destinado ao reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. O primeiro anunciou que havia aportado R$ 400 mil para a construção de laboratório na UFVJM para realização de testes da Covid-19. E que o reitor deveria firmar um convênio com o governo nesse sentido. Carlos Pimenta disse que protocolaria a solicitação.

Por fim, o deputado Hely Tarquinio (PV) parabenizou Carlos Pimenta por sua luta pela saúde e pela vida. E concluiu afirmando que a pandemia havia descortinado todas as desigualdades sociais no País, especialmente na saúde.